quarta-feira, julho 02, 2008

18.

A João Pequeno não eram estranhos os cenários de crise. Por mais que uma vez se viu confrontado com esses cenários e com a necessidade de estabelecer estratégias de actuação. Sabia como proceder; conhecia os mecanismos adequados às diferentes circunstâncias: entrar no vórtice da crise e retirar dela oportunidades novas; adiar investimentos ou apostar em actividades de carácter não-produtivo; diversificar os investimentos; arriscar quando os outros hesitam; apostar onde os outros desistem. A João Pequeno não eram estranhas as estratégias de actuação empresarial em tempo de crise. É certo que agora, além da economia, a crise das empresas da família Ribeiro da Conceição revertia sobretudo de apostas políticas erradas. E isso é fodido: da política convém ficar à distância ou acertar nas apostas. Mas João já tinha atravessado o deserto em situações mais delicadas. E, não fora o amor, também desta vez os obstáculos haveriam de ser superados. O problema é sempre o amor. Nunca sabemos lidar com as coisas do amor. Não há algoritmos para o amor.