segunda-feira, novembro 17, 2008

6.

Como se não houvesse tempo nem movimento
como se não houvesse palavras para nomear as coisas
deixa adormecer as mãos sobre o corpo até não teres uma biografia
dias sucessivos devolvidos por imagens vagas
é do outro lado de ti que tudo acontece
uma criança corre sozinha numa estrada de terra batida que não vem ainda desenhada nos mapas
é no inverno
há-de ser inverno por muitos meses e estações que o tempo acrescente aos calendários das paredes das tabernas
é no inverno e tocas vagarosamente a labareda azul da insónia como se fosse possível adormecer as mãos sobre o corpo até não ter uma biografia.