quinta-feira, setembro 23, 2010

[a flor da volúpia]

a flor da volúpia
(que mal a vemos hoje
que parece mal)
atravessou uma boa parte da literatura do século xix.
tem exactamente sete pétalas
e ninguém a reconhece como sua.
era preciso
(como custa repeti-lo)
um obscuro poeta das periferias
vir assim recuperá-la no nosso tempo
para que não ficasse escondida e incógnita
nos herbários dos museus
da Rua da Escola Politécnica.
é caso para perguntar
o que anda a fazer a crítica literária
deste meu
tão
pobre país
tão
culto.