quinta-feira, maio 05, 2011

[a luz de que fugíamos]

era em vez das constelações
escolhíamos o lugar da sombra
erguíamos uma pedra outra pedra
a água chegava-nos à cintura
nunca um muro juntou tantas coisas de um e outro lado
era como se fosse o contrário de uma fronteira
e fizéssemos contrabando de açúcar nas manhãs muito frias
de novembro
quando os guardas-fiscais ficam até tarde no posto
em redor do lume
e o amor acorda a meio da noite

era no tempo em que fugíamos da luz
porque não procurávamos outra coisa
a luz
a luz de que fugíamos ao seu encontro