quinta-feira, março 22, 2012

[3.]

A LABAREDA AZUL

Em vez do pavio aceso –
trazia à loja os rastilhos de cerâmica. E guardava
a luz irregular
do petróleo
erguendo-a
nos candeeiros de vidro.
Os sacos de sementes e o tendal –
esse pó levantado: a sombra irrespirável
a queimar os pulmões dos fantasmas
debruados a sépia
nas capas
dos livros
das estantes. E a apagar a chama
e a acendê-la de novo.
E vinha então a dissensão
e
espalhava nas divisões da casa
a labareda azul
da resina.